sábado, 2 de abril de 2011

Contos

Vamos começar uma coletanea de contos, assim podemos ler sempre para as crianças !

O objetivo foi apropriar-se das características próprias da linguagem escrita literária (contos) e claro divertir !
Etapas:
  • Leitura do conto para as crianças.
  • Recapitulação do conto e cometário de suas características mais significativas.
  • Reconstrução oral coletiva.
  • Ditado à professora (reconto).
  • Revisão do texto com as crianças (revendo as "marcas" da oralidade e que não pertencem ao texto escrito).
  • Separação dos trechos pelas páginas (discutido com as crianças).
  • Impressão das páginas com os trechos.
  • Equipe de ilustração: desenho e pintura com lápis de cera.
  • Montagem do livro: seqüência das páginas, capa, numeração.
  • Leitura do RECONTO para a turma.


Página do livro

* * *" A escrita por parte do professor cumpre um duplo objetivo: ensinar aos alunos a construção de um texto literário e mostrar-lhes um modelo de como se escreve."
CURTO, Lluís Maruny et al. ESCREVER E LER. Porto Alegre: Artmed, 2000. V. II (p.103)

 Perdidos na excursão.
Marquito desabou na poltrona. Completamente moído. Exausto! Agarrou o telefone, ligou pro Tiagão. Dos dois lados do fio, só queixas e reclamações. E altos xingos.
Bocas raivosas, por nada ter dado certo. Só confusão durante a excursão inteira.
Marquito relembrou a saída orgulhosa. Um final de semana ecológico-aventureiro. Certeza de voltar triunfantes! Muito pra contar e pra exibir. Turma animada e a fim de descobrir o esconderijo-paraíso dos micos-leões-dourados. Tiagão ouvia rindo. Logo enfezou. Lembrou da primeira desviada. Um caminho lindo que deu numa cachoeira despencante. Puladas, procuras, nadadas, volta estropiada pra estrada arrebentada... Depois, só mancadas... A chuva desviante da trilha. A paralisada hesitante se era pra virar à direita ou à esquerda. Os em-frente-marche dando em barreiras fechadas, sem brecha pra passagem. As voltas, semivoltas, voltas inteiras. A parada pra comilança quase dentro duma fazenda murada e o dono surgindo com as armas em punho... Horror total!!
Marquito parou de sorrir. Partiu pros desabafos gritados. A armação das tendas no escuro e a descoberta rápida de o lindo lugar estar cercado de cobras... Berros desesperados! O dar de cara com uma margem do rio sem nenhuma ponte para cruzar... O medaço de se afogar atravessando a pé.
Tiagão espirrou. Gripou bravo. Desligou avisando que foi a primeira e última excursão ecológica. Pra ele, fim de papo. Marquito resmungou enfezado. Jurou jurado. Outra, só sabendo antes por onde ia pisar. Chegava de perder tempo, perder a paciência, perder o ânimo.

Fanny Abramovich



O dicionário de formas


Era uma vez eu, Zé Sorveteiro, que me apaixonei por uma princesa que acabara de chegar do outro lado da Terra. Bolei para ela um dicionário de quatro palavras: bola, quadrado, retângulo, triângulo. Japonês se escreve com desenhos. Com desenhos a princesa aprenderia português!
Não demorou, ela estava arrasando. Ia até meu carrinho e pedia, desenhando no ar:
– Triângulo-bola.
Sorvete na casquinha! O dicionário funcionava às maravilhas.
Eu? Mandava bilhetes. Desenhava um quadrado com um triângulo em cima e escrevia: casa!!! Caprichava nos pontos de exclamação. Casa!!! Casa!!! Fácil de entender: casa comigo.
Mas toda princesa tem uma fera para encontrar bilhetes. Uma hora a fera mandou me chamar. Aí…
Aí eu transformei ponto de exclamação em sinal de aguaceiro:
– Um traço com um pingo é chuva. Três – !!! – muita chuva. Casa, chuva, chuva, chuva. Estou só avisando… Cuidado com goteiras.
Acabei subindo e limpando as calhas do telhado do futuro sogro e as de cada um de seus amigos e parentes.
Hoje, 60 anos depois, repito, valeu a pena. E lá vou eu apanhar uns triângulos vermelhos para a minha rainha arrumar no triângulo do retângulo do quadrado da frente. Perfeito. Daqui a pouco a jarra da mesa da sala estará toda perfumada com os… Como é mesmo? Vá lá! Com os triângulos vermelhos.
Angela Lago.

Folhas Secas


Eu estava dando uma aula de Matemática e todos os alunos acompanhavam atentamente.
Todos?
Quase. Carolina equilibrava o apontador na ponta da régua, Lucas recolhia as borrachas dos vizinhos e construía um prédio, Renata conferia as canetas e os lápis do seu estojo vermelhíssimo e Hélder olhava para o pátio.
O pátio? O que acontecia no pátio?
Após o recreio, dona Natália varria calmamente as folhas secas e amontoava e guardava tudo dentro de um enorme saco plástico azul. Terminando o varre-varre, dona Natália amarrou a boca do saco plástico e estacionou aquele bafuá de folhas secas perto do portão. Hélder observava atentamente. E eu observava a observação de Hélder - sem descuidar
da minha aula de Matemática. De repente, Hélder foi arregalando os olhos e franzindo a testa.
Qual o motivo do espanto?
Hélder percebeu alguma coisa no meio das folhas movendo-se deseperadamente, com aflição, sufoco, falta de ar. Hélder buscava interpretações para a cena, analisava possibilidades, mas o perfil do passarinho já se delineava na transparência azul do plástico.
Um pássaro novo caiu do ninho e foi confundido com as folhas secas e foi varrido e agora lutava pela liberdade.
- Ele tá preso!
O grito de Hélder interrompeu o final da multiplicação de 15 por 127. Todos os alunos olharam para o pátio. E todos nós concordamos, sem palavras: o bico do passarinho tentava romper aquela estranha pele azul. Hélder saiu da sala e nós fomos atrás. E antes
que eu pudesse pronunciar a primeira sílaba da palavra “calma”, o saco plástico simplesmente explodiu, as folhas voaram e as crianças pularam de alegria.
Alguns alunos dizem que havia dois passarinhos presos. Outros viram três passarinhos voando felizes e agradecidos. Lucas diz que era um beija-flor. Renata insiste que era uma cigarra. Eu, sinceramente, só vi folhas secas voando.
Para concluir esta inesquecível aula de Matemática, pegamos vassouras, pás e sacos plásticos e fomos
varrer novamente o pátio.
Chico dos bonecos. ( Francisco Marques)

A Galinha ruiva.
Encontri no blog de Ivanice Meyer.
  • O objetivo deste livro é que fosse levado para casa para ser lido com a família.



  • Como fazer a galinha:

    Capa do livro foi uma galinha de origami circular:

    2 círculos de 11,5 cm (corpo – dobra no meio; cabeça – dobra em 4)
    1 círculo de 7 cm (asa – dobra no meio)
    1 círculo de 4 cm (crista – dobra no meio)
    1 circulo de 4 cm (bico – dobra em 3)


    PARA GOSTAR DE LER...
    A CONTADEIRA DE HISTÓRIAS
    (autor nordestino anônimo)




    Vovó Candinha é outra figura que nunca se apagou de minha recordação.
    Não havia, realmente, mulher que tivesse mais prestigio para as crianças da minha idade. Para nós, era um ser à parte, quase sobrenatural, que se não confundia com as outras criaturas. É que ninguém no mundo contava melhor histórias de fadas do que ela.
    Devia ter seus setenta anos, rija, gorda, preta, bem preta e cabeça branca como algodão em pasta.
    Morava distante. Vinha ao povoado, de quando em quando, visitar a Luzia, sua filha caçula, casada com o Lourenço Sapateiro.
    E quando corria a noticia de que ela ia chegar, a meninada se assanhava como se ficasse à espera de uma festa. Não saíamos da porta da Luzia, perguntando insistentemente:
    - Quando ela chega?
    - Traz muitas histórias bonitas?
    - Traz muitas novas?
    Era pela manhã que vovó Candinha costuma chegar. O dia nem sempre havia acabado e já a pequena estava à beira do rio para recebê-la. Mal ia saltando da canoa, nós corríamos a abraçá-la com tanta afoiteza e tanta efusão que havia perigo de lhe rasgarmos o vestido rodado, de chita ramulhada.
    - Quantas histórias a vovó traz? Perguntávamos.
    - Um bandão delas, respondia a velha.
    De dia não conseguíamos que ela nos contasse história nenhuma.
    - Quem conta história de dia, dizia, negando-se, cria rabo de macaco.
    Mal a noite começava a cair, a meninada caminhava para casa de Luzia, como se dirigisse para um teatro. Após o jantar, vovó Candinha vinha então sentar-se ao batente da porta que dava para o terreiro.
    Enquanto se esperavam os retardatários, ela fumava pachorrentamente o seu cachimbo.
    Sentávamo-nos em derredor, caladinhos, de ouvido atento, como não fora tão atento o nosso ouvido na escola.
    Ela começava:
    - Era uma vez uma princesa muito orgulhosa, que fez grande má-criação à fada sua madrinha...
    Acendiam-se os nossos olhos, batiam emocionados os nossos corações...
    Não sei se é impressão de meninice, mas a verdade é que até hoje, não encontrei ninguém que tivesse mais jeito para contar histórias infantis.
    Na sua boca, as coisas simples e as coisas insignificantes tomavam um tom de grandeza que nos arrebatava; tudo era surpresa e maravilha que nos entrava de um jacto na compreensão e no entusiasmo.
    E não sei onde ela ia buscar tanta coisa bonita. Ora, eram princesas formosas, aprisionadas em palácios de coral, erguidos no fundo do oceano ou das florestas; ora reis apaixonados que abandonavam o trono para procurara pelo mundo a mulher amada, que as fadas invejosas tinham transformado em coruja ou rã.
    Não perdíamos uma só de suas palavras, um só dos seus gestos.
    Ela ia contando, contando... Os nossos olhinhos nem piscavam...
    A lua, como se fosse princesa encantada, ia vagando pelo céu, toda vestida de branco, a mandar para aterra a suavidade dos seus alvos véus de virgem.
    Lá pelas tantas, um de nós encostava a cabeça no companheiro mais próximo e fechava os olhos cansado. Depois outro;depois outro.
    E quando vovó Candinha acabava a história, todos nós dormíamos uns encostados aos outros, a sonhar com os palácios do fundo do mar, com as fadas e as princesas.

    Acho Legal para trabalhar valores!

    Um comentário:

    1. OLá Leila. A informação que tenho é que o autor é Viriato Corrêa. Cazuza. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1978.Abs. Kátia Chagas

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